2009-10-06

Eu já soube declamar isso de cor (na sexta série):

Meu Sonoro Passarinho

Meu sonoro passarinho,
se sabes do meu tormento,
e buscas dar-me, cantando,
um doce contentamento,

Ah! não cantes mais, não cantes,
se me queres ser propício;
eu te dou em que me faças
muito maior benefício:

Ergue o corpo, os ares rompe,
procura o porto da Estrela,
sobe à serra e, se cansares,
descansa num tronco dela.

Toma de Minas a estrada,
na Igreja Nova, que fica
ao direito lado, e segue
sempre firme a Vila-Rica.

Entra nesta grande terra,
passa uma formosa ponte,
passa a segunda; a terceira
tem um palácio defronte,

Ele tem ao pé da porta
uma rasgada janela:
é da sala, aonde assiste
a minha Marilia bela.

Para bem a conheceres,
eu te dou os sinais todos
do seu gesto, do seu talhe,
das suas feições e modos.

O seu semblante é redondo,
sobrancelhas arqueadas,
negros e finos cabelos,
carnes de neve formadas.

A boca risonha e breve,
suas faces cor-de-rosa,
numa palavra, a que vires
entre todas mais formosa.

Chega então ao seu ouvido,
dize que sou quem te mando,
que vivo nesta masmorra,
mas sem alívio penando.

(Tomás Antônio Gonzaga)

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