2009-04-13

Trabalho 2 de Fatores Humanos

A Internet tem comprometido o desenvolvimento das crianças?

Atualmente, é grande a preocupação relativa à influência da Internet no desenvolvimento de crianças e adolescentes. Isso se deve ao fato de que, principalmente em países desenvolvidos, grande parte das crianças têm acesso a computadores domésticos, muitas vezes conectados à rede. (Fife-Schaw et al. 1986)
As crianças terminam por aumentar o tempo de exposição a uma tela (“screen time”) quando o computador faz parte das atividades diárias. Esse tempo de exposição, quando prolongado, implica em riscos físicos mais acentuados associados ao sedentarismo, como a obesidade, ou ao próprio uso do computador, como problemas ortopédicos. O uso do computador é também usualmente uma atividade solitária, incorrendo em risco psicológico. (Subrahmanyam et al. 2000)
Por outro lado, a Internet tem um efeito positivo no aumento da interação social através de sistemas de “messaging” instantâneo e correio eletrônico, e a maior parte do tempo gasto conectado à rede é dispendida em interações sociais. (Subrahmanyam et al. 2001) Estudos realizados não salientam diferenças na sociabilidade das crianças e adolescentes que utilizam o computador durante mais tempo durante o dia e aqueles que não o fazem. (Subrahmanyam et al. 2000) Entretanto, salienta-se que num cenário de uso excessivo, há a dominância de realidades e mundos simulados e imaginados, em contraponto à necessidade de experiências reais. Nessas interações pelo computador, onde muitas vezes são utilizados avatares e “personas” diferenciadas daquelas do mundo real, paira sempre a dúvida sobre a identidade do interlocutor, com reflexos na formação da própria identidade da criança, além dos riscos para a segurança da mesma. (Subrahmanyam et al. 2000; Subrahmanyam et al. 2001)
A exposição à Internet como fonte de consulta parece resultar em melhora no desempenho acadêmico das crianças. Entretanto, não há pesquisas suficientes para comprovar solidamente o nexo causal entre esses dois fatores. Há necessidade de maiores pesquisas para determinar o efeito da utilização do computador a longo prazo na capacidade cognitiva e conquistas acadêmicas. (Subrahmanyam et al. 2000) A exposição de crianças e adolescentes a alguns tipos de jogos, entretanto, já foi comprovada como tendo efeitos imediatos positivos na atenção, visão e noção espaciais e desempenho cognitivo. (Subrahmanyam e Greenfield 1996)
A exposição a jogos violentos, especialmente aqueles nos quais o uso da violência é recompensado, comprovadamente aumentam a agressividade, tanto afetiva e cognitiva quanto comportamental das crianças observadas. (Anderson et al. 2004) Além da exposição a esse tipo de jogos, há o material inapropriado de natureza sexual. (Ybarra e Mitchell 2005) Associados a este último vêm os riscos consequentes que variam desde o erro em informações referentes à reprodução, até a possibilidade de desenvolvimento de comportamento sexualmente compulsivo. (Freeman-Longo 2000) E, por fim, existe ainda o risco do “cyber-bullying”, ataques de natureza difamatória que ocorrem “online”. Entretanto, estes últimos são muito semelhantes ao fenômeno do “bullying” que ocorre nas mesmas faixas etárias, ou seja, não se trata de um risco intrinsecamente ligado ao uso da Internet e sim ao ambiente e às interações sociais da criança. (Ybarra e Mitchell 2004; Ybarra e Mitchell 2004)
Pesquisas junto aos pais apontam que estes normalmente compram os computadores e pagam pela conexão à Internet como um recurso educacional extra. (Subrahmanyam et al. 2000) Também demonstram que grande parte deles desconhece o conteúdo de jogos e a dinâmica de interações sociais “online”. (Subrahmanyam et al. 2001) Por fim, constatam que, como muitas vezes as crianças têm mais conhecimento que eles em relação ao uso do computador e da Internet, ocorre uma inversão dos papéis de ensino/aprendizagem, com consequentes problemas de identidade. (Subrahmanyam et al. 2001) A maioria das pesquisas consultadas recomenda como mitigantes dos riscos associados à exposição das crianças à Internet a moderação no tempo de uso da rede (Attewell et al. 2003; Subrahmanyam et al. 2000; Subrahmanyam et al. 2001) e o efetivo acompanhamento das atividades realizadas no computador por parte dos pais ou responsáveis. (Attewell et al. 2003; Freeman-Longo 2000; Ybarra e Mitchell 2004; Ybarra e Mitchell 2004; Ybarra e Mitchell 2005)
Em conclusão, a utilização da Internet pelas crianças pode comprometer, e provavelmente tem comprometido, o desenvolvimento das crianças, causando diversos problemas físicos e psicológicos. Por outro lado, existem vários benefícios que advêm de seu uso, especialmente quando é feito de forma moderada e sob o constante acompanhamento e monitoramento dos adultos responsáveis.

Referências

  • [Anderson et al. 2004] ANDERSON, C.A. et al. Violent video games: Specific effects of violent content on aggressive thoughts and behavior. Advances in experimental social psychology, Academic Press, v. 36, p. 200–251, 2004.
  • [Attewell et al. 2003] ATTEWELL, P. et al. Computers and young children: Social benefit or social problem? Social Forces, University of North Carolina Press, p. 277–296, 2003.
  • [Fife-Schaw et al. 1986] FIFE-SCHAW, C. et al. Patterns of teenage computer usage. Journal of computer assisted learning, Blackwell Publishing Ltd, v. 2, n. 3, p. 152–161, 1986.
  • [Freeman-Longo 2000] FREEMAN-LONGO, R.E. Children, teens, and sex on the Internet. Cybersex: The Dark Side of the Force: a Special Issue of the Journal Sexual Addiction & Compulsivity, Brunner-Routledge, p. 75, 2000.
  • [Subrahmanyam e Greenfield 1996] SUBRAHMANYAM, K.; GREENFIELD, P.M. Effect of video game practice on spatial skills in girls and boys. Interacting with video, p. 95–114, 1996.
  • [Subrahmanyam et al. 2001] SUBRAHMANYAM, K. et al. The impact of computer use on children’s and adolescents’ development. Journal of Applied Developmental Psychology, Elsevier, v. 22, n. 1, p. 7–30, 2001.
  • [Subrahmanyam et al. 2000] SUBRAHMANYAM, K. et al. The impact of home computer use on children’s activities and development. The future of children, Center for the Future of Children, the David and Lucile Packard Foundation, p. 123–144, 2000.
  • [Ybarra e Mitchell 2004] YBARRA, M.L.; MITCHELL, K.J. Online aggressor/targets, aggressors, and targets: a comparison of associated youth characteristics. Journal of Child Psychology and Psychiatry, Blackwell Publishing, v. 45, n. 7, p. 1308–1316, 2004.
  • [Ybarra e Mitchell 2004] YBARRA, M.L.; MITCHELL, K.J. Youth engaging in online harassment: associations with caregiver–child relationships, Internet use, and personal characteristics. Journal of Adolescence, Elsevier, v. 27, n. 3, p. 319–336, 2004.
  • [Ybarra e Mitchell 2005] YBARRA, M.L.; MITCHELL, K.J. Exposure to Internet pornography among children and adolescents: a national survey. CyberPsychology & Behavior, Mary Ann Liebert, Inc. 2 Madison Avenue Larchmont, NY 10538 USA, v. 8, n. 5, p. 473–486, 2005.

2009-04-09

Um "nice git link" REALLY nice

Especialmente para quem tá com preguiça de ler em inglês.

Parabéns ao Felipe Micaroni por esse resumo tão legal.

2009-04-07

Ando meio desligado...

Pois é. Então vamos atualizar as coisas por aqui.
O repositório git do Windows no trabalho tava todo bichado, então tive que refazer tudo. Ainda tenho um pedação de coisa para arrumar. E ficou tudo pra amanhã.

2009-04-04

Minhas versões das 3 regras

1. A katana de o-kan :-D
2. Quem não faz agora, não faz depois
3. Macaco velho não põe a mão em cumbuca

2009-04-03

Zen e arte de requentar café no micro-ondas

Sim, agora é com hífen.

Hoje eu acordei cedo, consegui ler bastantes coisas e fazer boa parte do que me propus ontem. Quando eu cansei e resolvi ir ver The Mentalist ou Reaper, a Raquel acordou :-D e então, o máximo que eu vou ver até a babá chegar é o Louie... Uma xícara de café requentado e meia dúzia de rosquinas Mabel, trocar de roupa, e esperar. Claro que pelo menos, é um tempinho de qualidade com minha filhinha...

2009-04-02

Twitter

Por motivos de trabalho (G3), twitter no link acima...